segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Violência contra a mulher


"As agressões eram feitas na frente de todo mundo. É uma mágoa muito grande dentro de você.”



        Os relatos são de uma mulher, moradora de Nova Friburgo. Sem querer ser identificada, ela nos contou como eram as agressões feitas pelo marido durante anos. O sonho de construir uma família acabou se transformando num pesadelo com ameaças constantes. “Eu vou te matar, eu vou perseguir sua família. Eu nunca vou deixá-la em paz. Você nunca vai ter nada”. Segundo a vítima, essa era a forma que seu ex-marido a tratava nos momentos de discussão do casal.
Essa infelizmente é uma história de vida que retrata um triste quadro em nosso país. A cada quatro minutos, uma mulher é agredida por seus companheiros. Nos últimos trinta anos, o número de assassinatos provocados por agressão a mulheres cresceu 200% passando de 1.353 para 4.297 casos. Somente em Nova Friburgo, do início do ano até o mês de julho, cerca de 800 ocorrências envolvendo violência contra a mulher já haviam sido registradas.

Para Cátia Marques, comissária de polícia civil, os tipos de agressão na cidade tem sido dos mais diversos e não se resumem apenas entre marido e mulher. “Aqui temos algumas situações, tais como, o próprio pai, irmão ou qualquer outra parte masculina de uma determinada família, praticar abuso sexual. Tem aquele tipo de agressão provocada pelo uso excessivo de drogas, que é bastante comum”.

Para reduzir os números no município, a polícia ressalta que é importante as mulheres vítimas de violência denunciarem seus agressores. Cátia ressalta ainda que mesmo em casos de comprovação de distúrbios mentais, o agressor é punido. “Se o criminoso tem um perfil mental doentio, ele vai cumprir a pena até num manicômio judiciário, ele vai ser retirado da sociedade, ou para tratamento, ou para uma prisão comum.”

A decisão de não querer denunciar seus agressores é movida por diversos fatores, dentre os quais se destacam o medo e a vergonha. Porém, a opção de sofrer calada pode custar um alto preço ao longo da vida. “É uma revolta muito grande, porque nem meus pais nunca me bateram. Então você apanha... É muito difícil e as agressões eram feitas na frente de todo mundo. Então assim, você passa a ficar muito revoltada. É uma mágoa muito grande dentro de você.” Lembra a vítima, ainda bastante abalada.



Apesar da separação ter completado três anos, as agressões feitas pelo ex-marido ainda são  feridas abertas. “É um sofrimento muito grande. É muito ruim, muito, muito. E você nunca esquece nada. Qualquer problema na sua vida, você lembra. Porque você passa a ficar muito fragilizada. Então é muito difícil, muito difícil”, nos relatou, muito emocionada, a vítima.


Salutiel Filót e Elisabeth Souza Cruz

Um comentário:

  1. Matéria super interessante!!!
    A população precisa ter esse conhecimento para não ficar mais calada diante desses fatos.

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